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Realidade conectada: uma reflexão sobre IA (Inteligência Artificial) e Inteligência Humana!

A crescente integração da inteligência artificial (IA) em diversas esferas da sociedade tem gerado discussões acaloradas sobre o seu papel, tanto quanto aliada quanto aos desafios da inteligência natural humana. Para compreender melhor essa dinâmica complexa, é essencial explorar os conceitos de Inteligência Natural e Inteligência Artificial, destacando suas potencialidades e desafios inerentes.



Inteligência Natural (Humana): a essência da criatividade e emoção


A inteligência natural, inerente aos seres humanos, é uma especificação multifacetada que abrange a capacidade de aprendizagem, criatividade, empatia e adaptação. É a fonte de nossa capacidade de raciocinar, compreender nuances emocionais e tomar decisões com base em uma compreensão profunda do mundo ao nosso redor.


Numa perspectiva positiva, a inteligência natural é inigualável na geração de ideias inovadoras, na resolução de problemas complexos e na expressão artística. No entanto, enfrentam desafios, como a limitação de processamento de grandes volumes de dados em curtos espaços de tempo, uma área em que a IA demonstra excelência.


Paulo Freire dizia que: Não basta saber ler que "Eva viu a uva". É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho. Paulo Freire tinha a preocupação de ensinar de forma a levar os aprendizes a refletir. Para isso, se torna imprescindível a contextualização das lições oferecidas e da informação que qualquer período. Ele acreditava ser importante dar as ferramentas que permitiriam uma leitura não apenas das palavras, mas das situações e conjunturas de suas realidades e, num sentido mais amplo, do mundo.


Vivemos em uma era marcada pela conectividade, onde a informação flui em uma velocidade nunca antes vista. A geração Z, mais conectada do que nunca, apresenta características marcantes: fumou menos, lê pouco e, de acordo com estudos, parece terceirizar parte de seu conhecimento. Esta tendência, embora aparentemente inofensiva, levanta sérias preocupações sobre a terceirização do saber, da tomada de decisões e do abandono do conhecimento.


Uma pesquisa revela que a geração Z, nascida entre meados da década de 1990 e início dos anos 2010, é uma geração altamente conectada, imersa em tecnologia e redes sociais. No entanto, essa conectividade constante muitas vezes se traduz em breves momentos de leitura e em uma aparente preferência por conteúdos mais visuais e instantâneos


A falta de profundidade na busca por informações e o hábito de não se aprofundar em leituras podem resultar em uma compreensão superficial dos assuntos, tornando os indivíduos suscetíveis à manipulação. Aqueles que apenas arranham a superfície e não se dedicam a explorar fontes seguras correm o risco de adquirir conhecimentos fragmentados e, consequentemente, de ter uma compreensão limitada dos eventos e específicos ao seu redor. A capacidade cognitiva, crucial para a análise crítica, é comprometida quando a informação é consumida de forma superficial, tornando as pessoas mais propensas a aceitar narrativas simplificadas ou enganosas. Em um mundo onde a manipulação da informação é uma realidade, a promoção da busca por fontes confiáveis ​​e uma compreensão mais profunda dos temas torna-se fundamental para a construção de uma sociedade mais informada e resistente à manipulação.


Inteligência Artificial: potencializando capacidades e superando limitações


A inteligência artificial, por sua vez, é uma criação humana destinada a replicar características da inteligência natural por meio de algoritmos e máquinas. Sua aplicação tem se destacado em diversas áreas, como saúde, economia e meio ambiente.


No campo da medicina, a IA demonstra um potencial transformador, como evidenciado em estudos que sugerem a capacidade de personalizar tratamentos para pacientes com câncer de mama, poupando-os de procedimentos invasivos desnecessários. A análise de grandes conjuntos de dados permite à IA identificar padrões complexos que escapam à percepção humana, aprimorando a precisão diagnóstica.


A ascensão da Inteligência Artificial (IA) representa uma revolução tecnológica inegável, moldando significativamente a forma como interagimos com o mundo digital e físico. Assim como a internet se tornou uma presença onipresente em nossos computadores, smartphones, carros e eletrodomésticos, a Inteligência Artificial emerge como uma força igualmente onipotente. Seja na automação diária de tarefas rotineiras, na otimização de processos industriais ou no desenvolvimento de assistentes virtuais cada vez mais sofisticados, a IA já está se integrando de maneira irreversível em diversas esferas da vida. Este avanço imparável impulsiona não apenas a eficiência em setores como saúde, educação e indústria, mas também redefine a própria natureza da interação entre seres humanos e tecnologia.


À medida que a Inteligência Artificial se solidifica como uma força dominante em nosso panorama tecnológico, torna-se evidente que estamos testemunhando uma transformação irreversível. Desde algoritmos de recomendação em plataformas de entretenimento até sistemas de reconhecimento de voz em nossos dispositivos pessoais, a presença da IA ​​é notável e crescente. Essa ascensão não é apenas antecipada, mas também vital para contribuir para a inovação e enfrentar os desafios complexos que a humanidade enfrenta. Portanto, assim como a internet se tornou intrínseca à nossa vida diária, a Inteligência Artificial está destinada a ocupar todos os espaços possíveis, moldando o futuro de maneiras que hoje apenas começamos a compreender de forma completa.


Complementaridade: o caminho para o progresso


A verdadeira revolução acontece quando as inteligências naturais e artificiais se complementam. No mercado de trabalho, a IA pode assumir tarefas repetitivas e analíticas, liberando os profissionais para se concentrarem em atividades que exigem criatividade, intuição e tomada de decisões éticas.


A complementaridade se estende à capacidade de aprendizado contínuo. Enquanto a IA lida com a acumulação e processamento massivo de dados, a inteligência natural oferece discernimento, autonomia e pensamento crítico, criando um ciclo virtuoso de avanço.


Desafios da dependência e retrocesso humano


Contudo, é imperativo refletir sobre a dependência crescente da inteligência artificial. À medida que confiamos cada vez mais em algoritmos para acumular conhecimento e orientar decisões, corremos o risco de desvalorizar a autonomia humana. Uma delegação excessiva à IA pode resultar na perda da capacidade de pensar por nós mesmos, prejudicando a produção de capital intelectual humano.


A verdadeira ameaça não reside na existência da IA, mas na possibilidade de regredirmos na capacidade humana de questionar, criar e inovar. A inteligência artificial deve ser uma ferramenta aprimorada, não uma substituta, incentivando uma abordagem equilibrada e ética em seu desenvolvimento e aplicação.


Em um mundo onde a conectividade é inegável e incontornável, a crítica não está na tecnologia em si, mas não é seu uso responsável. A terceirização do conhecimento, quando não equilibrada com a busca ativa pela sabedoria e aprendizado, representa uma ameaça à autonomia intelectual e à capacidade de discernir.


A terceirização do conhecimento, um fenômeno apresentado na geração Z (mas não somente a ela), refere-se à prática de depender de fontes externas, como redes sociais e plataformas de mídia, para obter informações e formar opiniões. Isso levanta questões cruciais sobre a autonomia do pensamento e a capacidade crítica, fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade informada.


Ao terceirizar o conhecimento, há o risco de comprometer a capacidade de tomar decisões informadas e profundas. A geração Z, imersa em um mar de informações superficiais, pode encontrar dificuldades para analisar dados criticamente e contextualizá-los em situações do mundo real. Mas para fazer justiça, é importante acentuar que grande número de indivíduos de outras gerações também são facilmente manipulados pela falta de conhecimento e aprofundamento em temas elementares.


Abandono do saber e do conhecimento: um preço alto a pagar


A audiência da geração Z lendo menos e confiando mais em fontes rápidas e visuais levanta questões sobre o abandono do saber. A leitura é fundamental para o desenvolvimento de uma compreensão aprofundada e da capacidade de reflexão. O encurtamento desse hábito pode resultar em uma sociedade superficial, incapaz de lidar com desafios complexos que exigem conhecimento sólido e análise crítica.


Na contemporaneidade, observamos uma explosão na produção de “conteúdo”, impulsionada pelo acesso generalizado à internet e plataformas de criação. No entanto, paradoxalmente, constata-se que uma parcela significativa, cerca de 99%, dos autodenominados "criadores de conteúdo" não produzem realmente conteúdos de qualidade. São elementos de um efeito manada de um cenário saturado de produções de péssima qualidade, ou no mínimo, para ser generoso com as palavras, de qualidade duvidosa. Essa profusão de conteúdos de baixo calibre revela não apenas a falta de seleção e produção, mas também a baixíssima capacidade.



Ao ponderarmos sobre o futuro da inteligência natural e artificial, é essencial considerar que ambos têm seu lugar e propósitos diferentes. A verdadeira sabedoria está em cultivar uma simbiose inteligente, onde a criatividade humana se une à eficiência da IA. Dessa forma, podemos navegar pelo horizonte da complementaridade, promovendo o avanço do conjunto de inteligências e salvaguardando a essência única da inteligência natural.


A geração Z, as antecessoras e as futuras, marcadas pela conectividade, enfrentam o desafio de equilibrar a conveniência da informação instantânea com a necessidade de cultivar uma compreensão profunda e autônoma do mundo. A crítica à terceirização do conhecimento não é uma contribuição da tecnologia, mas um apelo à consciência sobre a importância de preservar a capacidade humana de pensar, decidir e conhecer por si mesma. A terceirização do conhecimento pode levar a uma perigosidade dependência de narrativas pré-fabricadas e opiniões alheias. Cultivar a autonomia intelectual, a leitura crítica e a busca pelo conhecimento profundo são antídotos essenciais para combater essa tendência preocupante.


Ismênio Bezerra

 

Cooperação: todas as imagens desse artigo foram criadas por IA.


O avanço da inteligência artificial não é um problema. Problema de fato é o retrocesso da inteligência natural.

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Guest
Dec 05, 2023
Rated 5 out of 5 stars.

Excelente artigo!

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