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Eleições Municipais: a hora da reflexão e escolhas conscientes.

As eleições municipais de 2024 representam um momento decisivo para os rumos das cidades brasileiras. Em um contexto marcado por desafios econômicos, sociais e ambientais, a escolha de prefeitos e vereadores torna-se ainda mais significativa para definir as políticas públicas que impactarão diretamente a vida da população. Este artigo busca explorar o cenário das eleições municipais de 2024, destacando as principais dinâmicas eleitorais, os desafios enfrentados pelas candidaturas e as perspectivas para o futuro das gestões municipais. Em um período em que os debates sobre sustentabilidade, inovação urbana e inclusão social ganham cada vez mais relevância, estas eleições se apresentam como uma oportunidade única para compensar e transformar as cidades, garantindo um desenvolvimento mais justo e eficiente.


As eleições são fundamentais porque envolvem a escolha de prefeitos e vereadores, representantes que são os mais próximos dos cidadãos e responsáveis ​​pela gestão dos serviços públicos locais. Os prefeitos administram a cidade e implementam políticas que promovem o bem-estar, cuidando da saúde, educação, segurança e infraestrutura. Já os vereadores propõem leis, aprovam o orçamento e fiscalizam a gestão municipal, participando como ele entre a comunidade e o poder público.


Nas eleições de 2024, é crucial que os eleitores priorizem candidatos que apresentem propostas concretas para áreas essenciais como saúde, saneamento, educação, transporte e emprego. Na saúde, é necessário aumentar os investimentos em infraestrutura e profissionais para fortalecer a atenção primária. O saneamento básico deve ser expandido, assegurando o tratamento adequado de água e esgoto em todos os bairros, promovendo saúde e dignidade à população. A educação básica deve receber atenção especial, com valorização dos professores e melhorias nas escolas, especialmente na primeira infância, para garantir o desenvolvimento integral das crianças. Além disso, o transporte público precisa de ampliação de rotas e horários, além de incentivos ao uso de meios sustentáveis para melhorar a mobilidade urbana.


Para fomentar o desenvolvimento econômico e a geração de empregos, é importante criar um ambiente atrativo para empresas, oferecendo incentivos e infraestrutura adequada. A participação ativa dos cidadãos é fundamental para que suas demandas sejam ouvidas e atendidas, promovendo a transparência e o envolvimento popular em conselhos e audiências públicas. Essa participação é vital para garantir uma gestão democrática e eficaz, assegurando que as políticas públicas atendam verdadeiramente às necessidades da comunidade.


As eleições de 2024 oferecem uma oportunidade para avançarmos no debate sobre cidades inteligentes, cidades verdes e cidades sustentáveis, promovendo um novo modelo de desenvolvimento urbano que concilie tecnologia, meio ambiente e qualidade de vida. As cidades inteligentes utilizam inovações tecnológicas para melhorar a eficiência dos serviços públicos, reduzir custos e aumentar a qualidade de vida dos cidadãos, enquanto as cidades verdes integram a conservação ambiental com práticas urbanas que procuram reduzir as emissões e promover áreas verdes acessíveis. Já as cidades sustentáveis ​​focam em garantir que o crescimento econômico e social seja inclusivo e respeitoso ao meio ambiente, mudando o patrimônio intergeracional. Debater esses temas e eleger candidatos comprometidos com tais propostas é essencial para construirmos municípios resilientes, inclusivos e preparados para os desafios climáticos e sociais do futuro.

 

Os candidatos a prefeito e a vereador não podem se esquivar de debater questões essenciais relacionadas à arrecadação, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma transferência constitucional da União para os municípios brasileiros e o Distrito Federal. Este fundo é composto por uma parte da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas sua valorização foi comprometida ao longo dos anos, resultando em um achatamento de seus recursos. É fundamental que os candidatos abordem esses temas de maneira clara e transparente, apresentando suas propostas para otimizar a gestão desses recursos e garantir que a população tenha acesso a serviços públicos de qualidade, fundamentais para o desenvolvimento local.

 

As contradições do processo eleitoral e da democracia.


As eleições municipais de 2024 no Brasil estão sendo marcadas por um notável rebaixamento no nível dos debates e discussões políticas. O cenário apresenta uma ausência quase generalizada de conteúdo sólido e de propostas claras por parte dos candidatos, realidade que afeta não apenas a disputa pela prefeitura de São Paulo, a maior e mais importante do país, mas também é refletida em diversos municípios pelo Brasil. Esse fenômeno demonstra uma crise profunda no ambiente político nacional, na qual a superficialidade e a falta de comprometimento com questões reais têm sido a tônica dominante.


Nos últimos 15 anos, testemunhamos uma estratégia perigosa que visa banalizar a verdade e construir uma falsa realidade baseada em mentiras, utilizada para arregimentar pessoas através do ódio e de pautas morais divisivas. Essa tática tem como principal objetivo evitar a discussão sobre questões realmente importantes para a sociedade, promovendo a polarização e transformando o debate político em um campo de confronto, onde o que importa é o que nos separa, não o que nos une.


Um exemplo emblemático dessa estratégia foi o Brexit, que culminou na saída do Reino Unido da União Europeia, e a eleição de Donald Trump em 2016. Ambos os eventos foram impulsionados por uma campanha massiva de desinformação que explorou o medo e a insatisfação da população, manipulando emoções em vez de promover um debate racional e informado. Por trás dessas campanhas esteve Steve Bannon, estrategista que utilizou técnicas avançadas de manipulação dos fatos e exploração de dados para criar narrativas falsas, transformando a política em uma batalha emocional e extremista.


Bannon, que atualmente enfrenta problemas com a Justiça, foi um dos principais articuladores no uso das redes sociais e da mídia para desviar o foco dos temas centrais e dividir as sociedades com base em discursos inflamados. No Brasil, essa mesma estratégia foi replicada em 2018, com a cooperação de Bannon, resultando em uma campanha eleitoral marcada pela desinformação e pela radicalização política. A consequência foi o enfraquecimento do debate moderado e a substituição do diálogo construtivo por uma escalada de extremismo, alimentada por fake news e boatos. Outro produto das ações de Bannon no Brasil foi um governo que elevou a dívida interna e externa a patamares jamais vistos e que colocou em xeque, sem nenhuma prova, a lisura do nosso sistema eleitoral de votação, apuração, auditoria e confirmação da vitória dos eleitos.


A lição que podemos extrair desse período é o risco real de permitir que mentiras dominem o debate público. A disseminação de desinformação não apenas enfraquece a democracia, mas também destrói as bases para a construção de um diálogo saudável e inclusivo, necessário para enfrentar os desafios coletivos. A mentira ocupa o espaço da verdade, e, ao fazer isso, ela desvia a atenção das questões centrais e transforma o debate em um jogo de manipulação de emoções, afastando as pessoas das soluções reais.


Um exemplo claro desse problema é a candidatura de Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo. Embora ele tenha habilidades comunicativas e seja inteligente, Marçal não demonstra a profundidade necessária para lidar com a complexidade da cidade. Nos debates e aparições públicas, ele oscila entre uma retórica agressiva e uma postura de vitimização, sem apresentar propostas concretas ou uma visão clara para o futuro de São Paulo. Seu discurso, muitas vezes populista e superficial, não oferece soluções para os desafios reais que uma cidade enfrenta.


A candidatura de figuras como Marçal não fortalece o debate público e ainda prejudica o processo democrático. Ao invés de apresentar propostas ou discutir soluções reais, ele recorre a discursos vazios e apelos emocionais, criando recortes para divulgar nas redes sociais e fingir que "venceu" debates. Essa abordagem confunde os eleitores, desvia a atenção das questões importantes e promove a desinformação, desestimulando a discussão séria e consciente. Assim, o foco se torna aparências e slogans, em vez de projetos sólidos e bem fundamentados.


Além disso, Marçal usa um discurso fundamentalista religioso de forma oportunista, explorando a boa fé das pessoas. Ao declarar que faz jejum por ser uma "luta espiritual", ele busca criar uma conexão emocional, desviando a atenção dos problemas reais. São Paulo, que enfrenta enormes desafios em áreas como transporte, habitação, segurança, saúde e meio ambiente, merece líderes preparados, com propostas claras e viáveis. A falta de soluções factíveis demonstra não apenas despreparo, mas também desrespeito à responsabilidade do cargo de prefeito.


Colocando uma lupa sobre a política nacional.


Esse empobrecimento do debate político não é um problema isolado, mas um reflexo de uma crise mais ampla que permeia a política nacional. Nos últimos anos, observamos uma tendência crescente em que a atuação e o marketing político, muitas vezes desprovidos de substância e conteúdo, substituem discussões políticas importantes, bem como questões técnicas fundamentadas. Os partidos, inclusive os de esquerda, abdicaram em grande parte de suas bandeiras históricas, que outrora representavam lutas sociais e transformações significativas, e não conseguiram evoluir em novas propostas que atendessem às demandas contemporâneas. Essa mudança de foco não apenas desvirtua a essência da política, como também dilui a ideológica dos partidos, tornando-os indistinguíveis em suas promessas vazias.

 

Os meios de comunicação, por sua vez, desempenham um papel ambíguo e, muitas vezes, conivente com essa realidade. Em vez de se unirem para estabelecer critérios republicanos e sérios para a promoção dos debates, eles frequentemente acabam favorecendo a superficialidade e o espetáculo, amplificando discursos vazios e desviando o foco dos temas centrais que impactam diretamente a vida dos cidadãos. Ao optar por promover controvérsias sensacionalistas e disputas pessoais — lembremos da cadeirada recente — a mídia desperdiça uma oportunidade fundamental de elevar o nível das discussões, promovendo o diálogo sobre políticas públicas e gestão urbana. Esse comportamento contribui para criar um cenário em que, em vez de uma discussão construtiva sobre os problemas reais das cidades, o que se vê é um espetáculo vazio que pouco ou nada acrescenta à formação de um eleitorado consciente.


A imprensa tem um papel crucial na consolidação e fortalecimento da democracia, pois é responsável por informar a sociedade de forma comprometida e promover o debate plural de ideias. Para garantir escolhas mais conscientes, é necessário que a mídia seja proativa em exigir seriedade dos candidatos, promovendo debates amplos e desafiando-os a apresentar soluções reais para os problemas das cidades. Ao resistir ao sensacionalismo e à superficialidade, a imprensa pode enriquecer o debate público, estimular a reflexão crítica dos investidores e garantir a comparabilidade entre as propostas dos candidatos, contribuindo para que lideranças qualificadas e comprometidas com o bem-estar da população sejam eleitas.


A responsabilidade da imprensa não se limita a informar; ela também deve educar e estimular a reflexão. Ao promover debates que abordem temas fundamentais, como saúde, educação e sustentabilidade, e ao exigir transparência e prestação de contas dos candidatos, a mídia eleva o nível do debate político e fortalece o processo democrático. Só assim é possível superar o ciclo de superficialidade e populismo que tem prejudicado nossa política, permitindo que os eleitores façam escolhas baseadas em conteúdo sólido e na capacidade real dos candidatos de enfrentar os desafios das cidades.


Estamos a menos de uma semana de eleições, e este é um momento crucial para que todos possam refletir sobre suas escolhas. É fundamental que cada cidadão dedique tempo para comparar os candidatos, analisando suas propostas e a coerência de seus discursos. Ferramentas como "Fato ou Fake" podem ser extremamente úteis para verificar a veracidade das informações divulgadas durante a campanha, ajudando a combater a desinformação e permitindo escolhas mais conscientes. A responsabilidade de se informar recai sobre cada um de nós; uma decisão bem fundamentada é essencial para o futuro de nossas cidades.


Medidas eficazes.


Desta vez, o TSE se antecipou e tomou todas as medidas necessárias para impedir a explosão de fake news, adotando estratégias de combate à desinformação antes mesmo que ela se propagasse. A atuação proativa incluiu parcerias com plataformas digitais, campanhas de conscientização e mecanismos para rastrear e remover conteúdos falsos. Além disso, o fato de o X (antigo Twitter) ter ficado fora do ar durante praticamente todo o primeiro turno também contribuiu para reduzir a disseminação de fake news, evitando que esse espaço fosse utilizado por certos grupos para a propagação massiva de informações falsas. Essa combinação de ações efetivas ajudou a manter o processo eleitoral mais seguro e transparente, favorecendo um debate mais qualificado e justo.


Nesta campanha, o Instagram foi a rede mais utilizada, mas o foco acabou recaindo sobre o seu algoritmo, que continuou favorecendo as bolhas de conteúdo e os nichos. Em vez de democratizar debates importantes e promover uma discussão mais ampla e acessível para todos, o algoritmo priorizou a segmentação de interesses, limitando o alcance de temas relevantes. Como resultado, vimos, mais uma vez, a viralização de um número significativo de conteúdos vazios e de qualidade questionável, que pouco contribuíram para enriquecer o debate público e estimular uma reflexão crítica entre os eleitores.


Havia um grande temor de que a IA (Inteligência Artificial) fosse usada para o mal nas eleições, especialmente para criar conteúdos falsos e manipular eleitores. No entanto, o que se observou foi que a IA não foi utilizada nem para o mal, nem para o bem. Os candidatos perderam uma grande oportunidade ao não potencializarem a comunicação e o engajamento de forma inteligente, usando IA de maneira ética e eficaz para personalizar campanhas, alcançar mais eleitores e oferecer propostas baseadas em análises profundas de dados. Assim, a tecnologia que poderia ter transformado positivamente a dinâmica eleitoral acabou subutilizada, deixando de agregar valor ao debate e ao processo democrático.


Finalmente


A responsabilidade dos cidadãos vai além da escolha no dia da votação. É necessário que cada um de nós considere o impacto que nossas escolhas terão na sociedade como um todo. Candidatos que apresentem propostas moralistas, vazias ou que se aproveitem de apelos emocionais para conquistar votos podem comprometer o desenvolvimento da cidade e a qualidade de vida da população. Portanto, é vital que os eleitores não apenas se informem, mas também reflitam criticamente sobre suas escolhas, lembrando que cada voto é uma contribuição para a construção de um futuro melhor.


Além disso, a participação ativa dos cidadãos é essencial para a qualidade do processo democrático. Engajar-se em debates, cobrar responsabilidade dos candidatos e exigir que cumpram suas promessas são atitudes que ajudam a reverter a superficialidade e a polarização dos debates eleitorais. Com esses esforços, poderemos escolher lideranças comprometidas com o bem-estar coletivo e a justiça social, capazes de enfrentar os desafios reais das cidades e promover um futuro mais promissor para todos.


A cidade que sonhamos ter depende diretamente de nossas ações e escolhas como cidadãos. Não adianta reclamar dos gestores públicos se não nos empenhamos em fazer escolhas conscientes nas eleições, se não exercemos nossa responsabilidade de fiscalizar e cobrar o cumprimento das promessas feitas durante as campanhas. Este momento que antecede a votação é crucial para determinar a melhoria ou não da nossa qualidade de vida, pois as decisões tomadas pelos prefeitos e vereadores afetam rapidamente nosso dia a dia. É fundamental que cada eleitor reflita sobre a importância de sua voz e voto, confirmando que somos parte ativa desse processo democrático e que nosso engajamento é vital para exigir uma gestão pública que atenda às necessidades reais da comunidade.

 

As eleições municipais representam um momento importantíssimo para a democracia direta e para a vida cotidiana dos cidadãos. Ao nos comprometermos com a verdade, o diálogo e a participação ativa, podemos construir uma sociedade mais justa, solidária, colaborativa e resiliente. É fundamental que, neste ciclo eleitoral, todos os envolvidos — candidatos, imprensa e cidadãos — assumam a responsabilidade de elevar o nível do debate político, transformando as eleições em uma verdadeira oportunidade de mudança e transformação social.

Ismênio Bezerra

 

Nas eleições de 2024, a responsabilidade de escolher bem está em cada um de nós; o futuro de nossas cidades depende das decisões que tomarmos agora.


A cidadania começa nas urnas, mas não termina lá; devemos escolher com estratégias e nos manter engajados, acompanhando a gestão pública e cobrando resultados.

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2 comentarios

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Invitado
02 oct 2024
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A sabedoria começa na reflexão. Transformador essa leitura... Parabens!

Editado
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Invitado
01 oct 2024
Obtuvo 5 de 5 estrellas.

Reflexão necessária e precisa, somos todos corresponsáveis na luta diária por uma transformação social, de fato e de direito.

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